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domingo, junho 05, 2011

Calma e confiança: uma chinesa entra no mundo de Grand Slams


Com um crescimento médio do PIB em torno dos 10% e uma população trabalhadora e consumidora de mais de um bilhão de almas, a China é o maior mercado emergente atual. Negocia com, vende para e compra de americanos, latinos e europeus com a ambiciosa tranquilidade de quem sabe que, nas suas condições, está dando os grandes golpes no jogo do mercado mundial.
Pois foi com uma tranquilidade muito similar que, neste sábado, a veterana Na Li conquistou Roland Garros - e, com ele, se tornou a primeira chinesa a erguer um troféu de Grand Slam. Tal qual mercado emergente que abocanha cifras financeiras do Velho Mundo, Li entrou, jogou e saiu da principal quadra da França sempre com a serena e terna satisfação de uma campeã.
A chinesa construiu uma vitória da maturidade, da calma e da confiança, contra Francesca Schiavone, uma adversária igualmente madura - mas que, mais enérgica, tem lá suas altas e quedas de tensão. Tirando proveito de alguns lapsos da entusiasmante italiana, Li manteve o jogo de fundo de quadra, disparando golpes fundos, fortes e precisos, e apresentou um tênis consistente, de pouquíssimos erros.
A vitória caminhou ao natural. Após um primeiro set bem jogado e vencido na matemática dos detalhes, a chinesa dominou a adversária no segundo e abriu 5/2. Foi aí que o público francês - talvez por um sentimento de compaixão continental, ou talvez por simplesmente querer mais jogo - se entusiasmou. Schiavone provou que é italiana, pôs latinidade no jogo e improvisou um tie break.
E foi justamente ali, no set do desempate, dos nervos de aço e do crescimento da adversária, que Na Li mostrou, tal qual empresária de sucesso, que havia viajado para a França para fechar o maior negócio de sua carreira. Logo no primeiro ponto, ambas se atraíram para a rede, e Na Li encaixou um lobby para tontear Schiavone e largar à frente no placar. Foi o melhor ponto do jogo: completo, belíssimo, entusiasmante, e devastador, abrindo espaço para a chinesa matar o jogo com um retumbante 7-0.
A vitória coroa o maior ano da carreira de Na Li. É o quinto título dela, e a segunda final de Grand Slam seguida - algo um tanto raro no atualmente instável mundo do tênis feminino. O triunfo mostra que o vice-campeonato do Aberto da Austrália mais cedo neste ano (perdeu por 2 sets a 1 para a multicampeã Kim Clijsters) não foi obra do acaso, mas do trabalho, da perseverança. Nada mais asiático.
E a grande campanha de Schiavone, por sua vez, comprova que o título do ano passado não foi sorte. Dando sinais de mais pura beleza desportiva, ela comemorou o segundo lugar, consciente da dificuldade que é vencer um Grand Slam e ter a honra de defendê-lo até a final no ano seguinte. Schiavone, que em 2010 foi uma grande campeã, em 2011 se mostrou igualmente uma grande vice-campeã.
Depois de um jogo de passos e golpes precisos, de olhares calmos e concentrados, Na Li se atirou na terra de Paris antes de cumprimentar a vice-campeã e, emocionada, vibrar com a equipe técnica e familiar, padronizada em uniformes nas arquibancadas. "Eu acho que todos na China ficarão muito felizes", comemou, patriótica, após o jogo.
Na Li entrou na sétima colocação do ranking feminino, e, na segunda-feira, subirá (em 2010, havia caído na terceira rodada, perdendo para a própria Schiavone). Há mais três chinesas entre as top 100: Shuai Peng, 25ª; Shuai Zang, 76ª; e Jie Zheng, 80ª. (A Itália de Schiavone tem seis tenistas entre as 100 melhores).


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